"Tentei alfabetizar as crianças e salvar os índios, não consegui. Tentei fazer uma universidade séria e fazer o Brasil desenvolver- se autonomamente e fracassei. Mas os fracassos são minhas vitórias. Eu detestaria estar no lugar de quem me venceu". (Darcy Ribeiro)
quarta-feira, 26 de dezembro de 2012
sexta-feira, 14 de setembro de 2012
11 DE MAIO DE 2013 - BEATIFICAÇÃO DE NHÁ CHICA
Divulgada data da Beatificação de
Nhá Chica
A cerimônia de Beatificação de Francisca de Paula de Jesus Nhá Chica será no dia 11 de maio de 2013 em Baependi. A comunicação foi feita pelo Bispo da Diocese da Campanha Dom Frei Diamantino Prata de Carvalho.
O Bispo noticiou a data de forma oficial na tarde desta sexta feira dia 14 de setembro no Santuário Nossa Senhora da Conceição em Baependi.
O dia escolhido, segundo o Bispo, está em acordo com o Postulador da Causa Dr. Paollo Villota e com o Prefeito da Congregação da Causa do Santos na Santa Sé Cardeal Ângelo Amato.
Na oportunidade o Bispo agradeceu todos que têm se empenhado neste trabalho em prol da Beatificação de Nhá Chia em especial as Irmãs Franciscanas do Senhor que cuidam do legado espíritual da Venerável há 58 anos.
Os devotos presentes no Santuário emocionados aplaudiram a notícia e junto ao Pároco da Paróquia de Baependi Padre Douglas Baroni rezaram a oração pela Beatificação com as mãos estendidas voltadas para o túmulo de Francisca de Paula de Jesus.
-É grande nossa alegria e mais uma vez agradecemos a Deus por este momento - finalizou o Bispo.
quinta-feira, 19 de julho de 2012
MOMENTOS NA PRAÇA MONSENHOR MARCOS
IGREJA MATRIZ DE BAEPENDI
ALGUNS MOMENTOS DE SAUDADE
IGREJA MATRIZ DE BAEPENDI
Praça Monsenhor Marcos, em destaque o antigo coreto demolido nos anos 70
MAESTRO ELIAS SALOMÉ
MOMENTOS DO MAESTRO BAEPENDIANO
ELIAS SALOMÉ
BANDO DOS CARIUNAS
Depoimento:
Meu nome é Sergio de Moraes Teixeira e também fui aluno de Elias Salomé, no mesmo tempo da Tania Cançado. Hoje moro no Rio de Janeiro. Eu era o "locutor" dos programas de televisão do maestro Elias na TV Itacolomi. Embora a foto esteja um pouco confusa, eu ali apareço tocando contrabaixo, atrás do acordeonista que está em pé, à esquerda. Por causa da orquestra, tive a oportunidade de viajar por todo o Estado de Minas Gerais, inclusive em Baependi onde tive a oportunidade de fazer serenatas junto com o Hominho.
Para mim é uma satisfação enorme, aos 65 anos de idade, ter notícias tão boas de meus antigos e inesquecíveis amigos aí das montanhas...
Parabéns pelo seu blog.
Que Deus o abençoe.
Para mim é uma satisfação enorme, aos 65 anos de idade, ter notícias tão boas de meus antigos e inesquecíveis amigos aí das montanhas...
Parabéns pelo seu blog.
Que Deus o abençoe.
terça-feira, 17 de julho de 2012
sábado, 30 de junho de 2012
BEATIFICAÇÃO DE NHÁ CHICA
Devotos e fiéis comemoram o reconhecimento do milagre de Nhá Chica
A quinta feira 28 de junho foi histórica. O Papa Bento XVI assinou neste dia o decreto que reconhece o milagre atribuído a Nhá Chica. O anúncio feito pelo postulador da causa no Vaticano, Paolo Villota. No mesmo instante que a notícia começou a ser divulgada o Santuário Nossa Senhora da Conceição passou a ser tomado por devotos e fiéis que emocionados comemoravam o passo final para a Beatificação de Nhá Chica. Uma missa foi rezada as 11 da manhã, seguida de um terço as três da tarde e de uma carreata pelas ruas da cidade. As 18 horas uma caminhada de fé percorreu o centro de Baependi até a Igreja Matriz onde outra Celebração Eucarística encerrou o dia festivo.
quinta-feira, 28 de junho de 2012
ASSINADO DECRETO DA BEATIFICAÇÃO DE NHÁ CHICA
O PAPA BENTO XVI, ASSINOU HOJE DIA 28/06/2012 O DECRETO
DE BEATIFICAÇÃO DE NHÁ CHICA.
Serva de Deus: HOJE SANTA DO BRASIL
Foto da antiga capela: início século XX
Foto da Igreja anos 50/60/70
segunda-feira, 21 de maio de 2012
CLÓVIS MACIEL - PEQUENA HOMENAGEM
SAGRADA ESTRADA - 21/05/2012
A REALIDADE DE UM SONHO!
CLOVIS MACIEL - BAEPENDI
No início dos anos 80, ainda na região mineira de Baependi, Clóvis Maciel integrou grupos de estilos
diversos,cantando em bailes, praças, escolas, seguindo então com seu trabalho solo rumo ao
sul da Bahia e fixando-se depois no Rio de Janeiro, fazendo shows e sendo premiado em diversos
festivais de MPB.
diversos,cantando em bailes, praças, escolas, seguindo então com seu trabalho solo rumo ao
sul da Bahia e fixando-se depois no Rio de Janeiro, fazendo shows e sendo premiado em diversos
festivais de MPB.
Em janeiro de 1985,participou da gravação do LP Trem das Cores, e em outubro produziu seu
primeiro disco: SAGRADA ESTRADA.
Com o cantor e compositor Dércio Marques, gravou em 1998 a folia "Santo de Reis" para o disco
TERNOS CANTADORES (Festival da Cultura Popular), produzido pelo SESC-MINAS, e participou
também em outra faixa gravada por Saulo Laranjeira. Foi selecionado pela Prefeitura de São
Paulo para o projeto ARTE NAS RUAS.
também em outra faixa gravada por Saulo Laranjeira. Foi selecionado pela Prefeitura de São
Paulo para o projeto ARTE NAS RUAS.
Residindo e trabalhando em São Paulo desde 1991, Clóvis Maciel produziu seu LP MOINHOS em 1994.
Em 1998 gravou seu CD É-MAIL CAIPIRA.
Teve participações em diversos programas de TV tais como Encontro Marcado e
Blota Júnior (Bandeirantes),Som Brasil (Globo), Arrumação (Rede Brasil), Empório Brasil (SBT),
Mutirão (Rádio USP), Viola Minha Viola (TV Cultura), Universo Feminino (Rede Mulher).
Blota Júnior (Bandeirantes),Som Brasil (Globo), Arrumação (Rede Brasil), Empório Brasil (SBT),
Mutirão (Rádio USP), Viola Minha Viola (TV Cultura), Universo Feminino (Rede Mulher).
ESTRADA SAGRADA - 1985
sábado, 21 de abril de 2012
ESTAÇÃO FERROVIÁRIA
Para muitos, saudade!
Data: 1960
Autor: Desconhecido (Estradas de Ferro do Brasil)
Estação Ferroviária de Baependi.
Ao fundo vê-se um castelinho (na praça), onde era efetuada a distribuição
de energia elétrica do centro da cidade.
(Energia produzida pelas usinas hidrelétrica existentes no município)
sexta-feira, 20 de abril de 2012
EPHEMERIDES MINEIRAS
OURO PRETO
IMPRENSA OFFICIAL DO ESTADO DE MINAS -1897
VOLUME IV - (Outubro a Dezembro)
(ortografia original)
09 de Outubro de 1895 - Lei mineira n. 3345. - Autoriza o governo a
contratar com o Dr. A ntonino Polycarpo de Meirelles Enout
e Paulo Ferreira Alves, ou com quem melhores condições
offerecer, a construção de um tramway, de bitola de 60
centimetro , do ponto mais conveniente da Estrada de Ferro
Minas e Rio até a cidade de Baependy, passando pelas
águas do Caxambú, sendo para esse fim concedido privilegio
por quarenta annos.
terça-feira, 10 de abril de 2012
REVISTA VEJA - 1969 - SELEÇÃO BRASILEIRA
Reportagens
REVISTA VEJA 27 de agosto de 1969
O futebol novo
Lápis e papel na mão, o jornalista paraguaio aproximou-se de João
Saldanha levando a pergunta preparada: "O time já está escalado?"
Cansado, depois de quase 22 horas de aviões e aeroportos para ir de Caracas a
Assunção, Saldanha respondeu: "Está escalado, sim. Há mais de quatro
meses. Para ser exato: está escalado desde fevereiro". Meio desorientado,
o jornalista paraguaio saiu para um lado, encostou-se junto a um grupo de
jornalistas brasileiros e, ainda perplexo, perguntou: "Desde quando a Seleção
do Brasil está treinando?"
Para o espanto do jornalista paraguaio e para a alegre surpresa da
própria torcida brasileira, que vê a Seleção entrar no caminho da Copa, a
explicação é uma só: muita coisa mudou no futebol brasileiro. Daquele futebol,
enfeitado de títulos, que não soube carregar as próprias glórias e fracassou na
Inglaterra em 1966, restaram estranhamente vários jogadores e, com eles, uma
grande lição de humildade. Mas, o que mudou no futebol brasileiro, se oito
titulares do time de Saldanha (Carlos Alberto, Djalma Dias, Rildo, Gérson,
Jairzinho, Tostão, Pelé e Edu) estavam entre os convocados de 1966? A Seleção
do Brasil foi o bolo principal de uma grande festa - a Copa do Mundo. Cada
clube, dirigente ou Estado sempre procurou tirar a fatia maior. Quando os
brasileiros compareceram na qualidade de convidados especiais, como em 1958 e
1962, tudo terminou bem. Mas, quando os ingleses resolveram organizar a festa
para si mesmos, o resultado para os brasileiros foi uma terrível indigestão -
de cujos efeitos muita gente se lamenta ainda hoje. A primeira mudança começou
aí. Perdido o tri, descobriu-se que era falsa a idéia de que bastavam onze
brasileiros para arrasar qualquer adversário, decretou-se o fim dos
regionalismos e até hoje ninguém se preocupou em contar quantos paulistas e
quantos cariocas existem na seleção de Saldanha. Este time, que está ganhando
as eliminatórias para ir ao México em 1970, pode não ser perfeito. Mas é um
time que traz uma nova mentalidade para o futebol brasileiro. Nele não há lugar
para estrelas ou vedetes: Pelé, o transcendental Pelé, aceita deliberadamente
uma função tática quase incompatível com as suas glórias, em favor do conjunto,
da vitória.
No momento em que Pelé dá exemplos desse tipo, o mínimo que se pode
esperar dos outros jogadores é que sejam capazes de fazer o mesmo. Tudo isso
por quê? Há uma razão aparentemente simples: a inconstância na escalação faz do
jogador um homem geralmente inseguro. É segurança, acima de tudo, o que eles
mais procuram num treinador. Foi isto que todos acharam em Saldanha, desde o
momento em que foi chamado, pois uma de suas primeiras decisões foi anunciar o
time e os reservas.
Quando perguntaram a Pelé a diferença entre a Seleção de 1958 e a de
1966 ele respondeu: "Em 1958, quem estava no banco de reservas queria
estar no time, jogando. Em 1966, quem estava jogando queria estar no banco de
reservas".
No barulho da placa negra de madeira queimada, balançando ao vento e
rangendo com suas letras brancas, onde se lia: Hotel Lynm (concentração da Seleção
Brasileira em 1966), e no rosto dos jogadores vencidos, depois da derrota
derradeira contra Portugal, estavam o clima e a expressão que andara com eles
por cem dias: o medo.
Pelas águas de Lambari e Caxambu, pelos morros de Teresópolis e Serra
Negra, pelo sol de Espanha, o frio da Escócia e da Suécia, até as tardes negras
de Liverpool, lugares por onde passou o circo do futebol brasileiro no seu
roteiro do tri, procurou-se uma definição para a seleção de Carlos Nascimento e
Vicente Feola. Falou-se em seleção-tergal, que senta e levanta e não amarrota
em tantas viagens. Falou-se mesmo en seleção-de-mentira, ou de brincadeira por
ter sido chamada no dia 1º de abril. No fim descobriu-se que ela era
simplesmente a seleção-do-medo, otimista nas declarações dos cartolas, e cheia
de pavor nas atitudes dos seus jogadores, nem titulares nem reservas.
A Comissão Técnica de quinze nomes começou a perder o Tri no dia da
convocação: chamou 45 jogadores. Começou a perder no exagero das convocações e
até na piada de ter convocado o Ditão errado. Na lista estava escrito Gilberto
Freitas Nascimento, o Ditão do Flamengo, quarto zagueiro, ruim de bola. Na
cabeça dos técnicos da Comissão estava Geraldo Freitas Nascimento, o Ditão do
Corinthians, valente zagueiro central. Com 45 jogadores, carregados de uma
estância mineral para outra, a Comissão Técnica jamais conseguiu armar um time
de onze. De Lambari a Liverpool, os homens da Seleção foram as cartas de um
estranho baralho, mexido demais, manipulados e misturados até a exaustão, à
procura de combinações que nunca deram certo. Entre viagens, discursos de
prefeitos, desfiles e homenagens, houve o telegrama de um torcedor de
Silvianópolis (MG), endereçado a Carlos Nascimento e que dizia simplesmente:
"Remember 1950". Mas, na
época, era mais importante levar a delegação para visitar a milagreira Nhá
Chica de Baependi, carregando uma faixa com estes dizeres: "Nhá Chica,
ajude esses rapazes a trazer o tri para o Brasil".
Ao assumir o cargo de técnico da Seleção, Saldanha assumiu também,
deliberadamente ou não, funções que antes cabiam exclusivamente aos cartolas.
Foi ele quem escolheu os lugares de concentração em Bogotá, Caracas e Assunção.
E quando lhe perguntaram onde a Seleção ia treinar antes de viajar, ele
respondeu: "O importante não é achar um lugar especial para a Seleção
treinar. O importante é achar um campo bom, onde a bola corra e os jogadores
não torçam o pé".
Na frase de Saldanha está também outra de suas preocupações: em qualquer
Seleção, a parte mais importante é o jogador. A filosofia é até elementar:
quando tudo está bem com os jogadores, tudo está bem com a Seleção. Uma prova
disso: em Assunção, Saldanha surpreendeu um brasileiro vendendo objetos
importados aos jogadores, dentro da concentração. Não disse nada. No dia
seguinte, o vendedor apareceu novamente. Saldanha parou-o na porta: "Os
jogadores estão muito satisfeitos com o que compraram. Já não precisam mais de
nada. Assim, você pode ir embora".
O medo que acompanhou a Seleção de 1966, nascido da incerteza de ficar
ou ser cortado, provocou uma briga entre Silva e Fábio, outra entre Manga
e Ditão, e contagiou o próprio treinador Feola, que perdeu a paciência depois
de um jogo contra o País de Gales em Minas, no dia dos primeiros cortes:
"Não sei de nada. Não adianta me perguntarem de cortes, nomes, números,
nada. Isto aqui é um treino, não é a final da Copa do Mundo". Comentário
feito por Gérson, depois desse jogo: "Acho que corri 360 minutos nessa
partida. Mas vai ser sempre assim, pelo menos enquanto nao resolverem essa
história de cortes e não ficarem apenas os 22 que vão a Londres".
Enquanto os nomes não saíam, a Seleção continuava viajando, e mudando a
cada treino. Feola tentava justificar essas mudanças: "As alterações no
time significam apenas a preocupação de observar os jogadores. É preciso que
todos saibam disso, senão vão pensar que estou ficando maluco. Há jogadores que
treinam bem e saem do time". Carlos Nascimento repetia que eram os
jogadores que se eliminavam, dentro de campo.
A verdade é que a eliminação vinha de fora para dentro do campo de
intranqüilidade criado pelo Comissão Técnica. Nas reuniões para corte de
jogadores, todos os membros da Comissão Técnica apresentavam seus relatórios.
Carlos Nascimento reunia os relatórios, via os nomes coincidentes e anunciava a
decisão final.
Foi assim que surgiu a lista dos treze jogadores cortados na véspera do
embarque para a Europa (entre eles Carlos Alberto, Djalma Dias e Paulo Borges -
homens de Saldanha).
Sem mágicas, João Saldanha procurou simplificar o processo: "Bem
que o Brasil tem mais de quarenta jogadores que podem ser chamados para a
Seleção. Acontece que em campo só entram onze. Logo, não preciso mais do que 22
- onze titulares, onze reservas". Tratou logo de definir quem é titular,
quem é reserva e ganhou a confiança de todos, justamente por ser um homem sem
segredos. Diz Gérson, hoje: "Vocês sabem quem é que mais me incentiva
nessa Seleção? O Rivelino. E eu posso dizer de coração: se ele entrar no time
amanhã, eu vou torcer por ele, porque somos um grupo muito unido - o objetivo
de todos é o mesmo. Duvido que isso acontecesse em 1966. Naquele tempo, o
ambiente era péssimo. Nunca vi tanta desunião".
Arrasado pela imprensa por causa da decisão de levar à Europa 27
jogadores (cinco a mais do limite de inscrição), Feola desabafou: "Na hora
das críticas eu sou o alvo de todos. Se não falo nada, dizem que estou
dormindo. Se falo, dizem que estou falando demais. Se fico quieto, dizem que
não mando nada. Se não mando, por que não criticam os que mandam?"
Feola tinha razão: a decisão de levar cinco jogadores a mais (para
cortá-los poucos dias antes de a Copa começar) não era sua.
Problema desse tipo já não acontece com a Seleção atual. Saldanha
assumiu toda a responsabilidade pelos jogadores convocados. A sua lista saiu
sem nenhuma consulta a qualquer membro da cúpula da CBD. Alterar essa relação
(fato que pode acontecer depois das eliminatórias) é função exclusivamente sua.
Ninguém se intromete também na escalação do time. Isso, por um lado, significa
dar muita força a um homem só mas por outro evita o trabalho de palpiteiros,
como o sueco Gunnar Goransson, que, vestido com o uniforme da CBD, reunia a
imprensa na Suécia - última exibição do circo antes da Inglaterra - para
declarar: "Na estréia da Copa, o ataque do Brasil deve ser este: Jair,
Alcindo, Pelé e Amarildo. Mas Amarildo não está bem e há possibilidade de Pelé
entrar na ponta-esquerda".
Desembarcando em Madri, onde a delegação tinha chegado voando pelo mesmo
DC-8 "Bandeirante Manuel de Borba Gato", que havia levado a Seleção à
Suécia em 1958 e ao Chile em 1962 (pilotado pelo mesmo Capitão George Bungner,
que, como das vezes anteriores, foi obrigado a deixar crescer barba e
cavanhaque), João Havelange declarava: "Ninguém está mais preparado do que
nós. No dia da estréia em Liverpool, teremos uma bagagem de trinta
jogos-treinos. Nenhuma equipe começou a trabalhar tão cedo quanto o
Brasil".
Entre a sentença de Havelange e uma frase de Pelé, ainda em Madri,
depois do jogo Brasil 5, Atlético 3, havia a diferença da teoria para a
prática: "A verdade é que ainda não temos uma seleção base".
Da Espanha, passando pela Escócia, a Seleção chegou à Suécia para um
festival de jogos. Sempre acompanhada por uma multidão de cartolas,
especialistas em dar festas (uma delas no próprio hotel em que os jogadores
estavam hospedados, à qual eles não puderam comparecer, assim como não puderam
dormir por causa do barulho).
Na Inglaterra, para os jogadores, a Comissão Técnica reservou um hotel
pequeno e feio, que não ficava perto nem do campo de treino, nem do campo de
jogo. Enquanto isso, João Havelange, acompanhado de vários cartolas,
hospedava-se no mais luxuoso hotel de Manchester.
De 1966 a 1969, a mentalidade dos cartolas pode não ter mudado muito.
Mas já experimentou uma evolução até certo ponto animadora: em Assunção,
Antônio do Passo, chefe da delegação, prontificou-se a dormir no quarto de
menor conforto da concentração, no Residencial Bonanza.
O jornalista Armando Nogueira cita o jogador Gérson como exemplo da mudança
do Brasil de 1966 para o de agora: "Há uma diferença brutal entre o
Gérson, jogador consciente de hoje, e o Gérson, rebelde e inconseqüente de
1966. O homem é o mesmo. O ambiente é que mudou". A responsabilidade de
Gérson parece ser a responsabilidade de todo o time: eles estão decididos a
ganhar a Copa do Mundo. E como sabem que sem preparo ninguém ganha a Copa - é
ainda Armando Nogueira quem diz -, todos se esforçam. Uma prova disso é que, em
termos de condição física, a Seleção está perto da perfeição. Na tática, o
próprio Saldanha confessa que seu time não tem nenhuma inovação: "Futebol
moderno é simples. Porque o ataque goza da vantagem da iniciativa, de chegar à
defesa com a bola dominada, de contar com jogadores mais habilidosos, é preciso
ter mais gente para defender. É isso que tento fazer. Em conseqüência, a
necessidade de marcação é absolutamente importante. É básico, então, ter mais
jogadores na defesa e menos no ataque sem perder o poder ofensivo. Para os que
pensam que isso é uma contradição, digo que meus homens de ataque são Jair,
Tostão, Pelé e Edu. Não concordo com os que dizem que a linha de zagueiros
continua burra, ou mais burra ainda. É que para muitos só existe o líbero
quando ele pode ser visualizado. Acontece que nesta Seleção o líbero pode tanto
estar atrás, como pode estar dando cobertura a Rildo ou a Carlos Alberto, nas
laterais. É uma simples equação matemática: se o adversário ataca com três e
você tem quatro para defender, é lógico que sobra um". Saldanha pode lutar
por suas idéias com todo entusiasmo, mas nos seus contatos com os jogadores tem
mostrado uma qualidade fundamental: não força ninguém a decorar sua cartilha.
Durante os jogos, diz suas observações e aceita as sugestões dos jogadores (o
que é um meio de fazê-los mais responsáveis pelo resultado). Definiu tudo numa
frase: "Nas vitórias, ou nas derrotas, a participação do técnico é apenas
de 10%. Os outros 90% são mesmo dos jogadores, que parecem estar atingindo
agora o mais alto grau de sua consciência profissional, num reflexo dos
campeonatos regionais, onde os times dirigidos profissionalmente sempre ganham
(Santos, Cruzeiro, Botafogo, Grêmio, Bahia)". O jogador de futebol deve
ter compreendido que não é apenas o título mas o seu próprio futuro que entra
em jogo numa Copa do Mundo. E essa profissionalização chegou à própria cúpula
do futebol brasileiro, que prometeu aos jogadores a cota do jogo com o
Atlético. Humildes, às vezes mergulhados até num estranho silêncio, os cartolas
têm-se colocado no seu devido lugar, isto é, de lado.
Tudo irá bem e terminará bem, se ninguém sofrer uma recaída.
quinta-feira, 22 de março de 2012
IGREJA DO ROSÁRIO
Vista da Rua: Dr. Manoel Joaquim e ao fundo Praça Arthur Brasílio.
Ao fundo vista da Igreja do Rosário.
Ano: Final dos anos 60
Foto: Arquivo Sérgio Serva Rocha
TRISTE LEMBRANÇA
Antigo ponto de embarque (TREM) no bairro da Lavrinha.
Uma triste lembrança!
Foto: Antigo ponto de embarque. (TREM).
Local: Bairro da Lavrinha
Data: 18/03/2012
Autor: Sérgio Serva Rocha
sábado, 17 de março de 2012
VISTA BAIRRO BELÉM
Vista Parcial do Bairro do Belém
Casarão (DEMOLIDO) pertencente a família de Luiz Augusto Pereira
Data.: Final do anos 80
Autor: Sérgio Serva Rocha
FOLIA DE REIS
Folia de Reis realizada no bairro da índia - Sítio do Sr. Luiz Augusto Pereira.
Ano: Início dos Anos 70
Foto da Família do Sr. Luiz Augusto Pereira.
sábado, 25 de fevereiro de 2012
Texto: Eduardo Schnoor é autor da tese “Na Penumbra – O Entrelace de Família e Negócios. Vale do Paraíba 1770/1840” (USP, 2005). E organizador, com Hebe Mattos de Castro, de Resgate: uma janela para o oitocentos. Rio de Janeiro: Topbooks, 1995.
Revista de História.com.br
Publicação Biblioteca
Nacional
Sudeste leal
Fazendeiros do Rio, de São Paulo e de Minas
reuniram milhares de milicianos para abafar revoltas contra D. Pedro e garantir
sua permanência no Brasil
Eduardo Schnoor
16/9/2009
·
Passar
de Reino a Colônia
É desar (derrota)
É humilhação
que sofrer jamais podia
brasileiro de coração
Na boca do povo, a quadrinha refletia o temor vivido no Brasil depois do retorno de D. João VI a Portugal, em 24 de abril de 1821. Apesar de ter deixado seu filho Pedro como regente, o soberano, de volta à terrinha, poderia adotar novas políticas centralizadoras, e até mesmo devolver o Brasil à condição de colônia.
Acirrava-se o antagonismo entre “brasileiros” e “portugueses”, até que, em dezembro daquele ano, veio de Lisboa uma ordem que deixou a situação ainda mais delicada: as Cortes determinavam o retorno de D. Pedro. Se ele acatasse, tudo poderia acontecer. As províncias seguiriam cada uma seu próprio caminho, ou, pior, como dizia a imperatriz Leopoldina, “uma Confederação de Povos no sistema democrático como nos Estados Livres da América do Norte”, referindo-se à independência dos Estados Unidos, ocorrida em 1776.
A Independência do Brasil, sob o comando de D. Pedro, parecia a única forma de evitar o risco de instalação de um regime republicano por aqui. Mas era preciso agir rápido, pois as tropas portuguesas ameaçavam embarcar o príncipe à força. Quem poderia enfrentá-las? A resposta coube aos principais senhores de terra de Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro. Mobilizando tropas de milícias, eles estavam dispostos a pegar em armas para defender D. Pedro. E foi o que fizeram.
Paulo Barbosa da Silva, mineiro de Sabará, e Pedro Dias Pais Leme, fazendeiro em São João Marcos – importante comarca fluminense –, deslocaram-se por Minas Gerais e São Paulo para conseguir adeptos à permanência do príncipe. Tratavam com sua rede de conhecidos, que não era pequena: fazendeiros, tropeiros, boiadeiros e comerciantes que enriqueceram na economia mercantil de subsistência desde o século XVIII. Este grupo dominava as comarcas rurais, ocupando os principais cargos eletivos e o oficialato das milícias (forças armadas locais cuja oficialidade era formada pelos maiorais de cada região). Eles haviam feito do poder no Centro-Sul uma grande parentela.
É desar (derrota)
É humilhação
que sofrer jamais podia
brasileiro de coração
Na boca do povo, a quadrinha refletia o temor vivido no Brasil depois do retorno de D. João VI a Portugal, em 24 de abril de 1821. Apesar de ter deixado seu filho Pedro como regente, o soberano, de volta à terrinha, poderia adotar novas políticas centralizadoras, e até mesmo devolver o Brasil à condição de colônia.
Acirrava-se o antagonismo entre “brasileiros” e “portugueses”, até que, em dezembro daquele ano, veio de Lisboa uma ordem que deixou a situação ainda mais delicada: as Cortes determinavam o retorno de D. Pedro. Se ele acatasse, tudo poderia acontecer. As províncias seguiriam cada uma seu próprio caminho, ou, pior, como dizia a imperatriz Leopoldina, “uma Confederação de Povos no sistema democrático como nos Estados Livres da América do Norte”, referindo-se à independência dos Estados Unidos, ocorrida em 1776.
A Independência do Brasil, sob o comando de D. Pedro, parecia a única forma de evitar o risco de instalação de um regime republicano por aqui. Mas era preciso agir rápido, pois as tropas portuguesas ameaçavam embarcar o príncipe à força. Quem poderia enfrentá-las? A resposta coube aos principais senhores de terra de Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro. Mobilizando tropas de milícias, eles estavam dispostos a pegar em armas para defender D. Pedro. E foi o que fizeram.
Paulo Barbosa da Silva, mineiro de Sabará, e Pedro Dias Pais Leme, fazendeiro em São João Marcos – importante comarca fluminense –, deslocaram-se por Minas Gerais e São Paulo para conseguir adeptos à permanência do príncipe. Tratavam com sua rede de conhecidos, que não era pequena: fazendeiros, tropeiros, boiadeiros e comerciantes que enriqueceram na economia mercantil de subsistência desde o século XVIII. Este grupo dominava as comarcas rurais, ocupando os principais cargos eletivos e o oficialato das milícias (forças armadas locais cuja oficialidade era formada pelos maiorais de cada região). Eles haviam feito do poder no Centro-Sul uma grande parentela.
A articulação obteve um importante
feito político quando, em 9 de janeiro de 1822, D. Pedro declarou no Rio de
Janeiro, “para felicidade geral do povo”, que ficava, desobedecendo à ordem das
Cortes. Era o primeiro rompimento. Iniciava-se um ano turbulento.
Em março, a mineira Vila Rica decide não obedecer mais ao príncipe. Dois meses depois, D. Pedro parte para Minas decidido a acabar com a revolta. No caminho, recebe adesões de peso: em São João D’El Rey aguardam-no os regimentos da Cavalaria de Milícias das Comarcas do Rio das Mortes e do Rio das Velhas, prontos para seguir com ele. O comandante do 1º Regimento do Rio das Velhas, Pedro Gomes Nogueira, era cunhado de Paulo Barbosa da Silva. Diante da força representada pelos regimentos de Cavalaria, Vila Rica recua.
Mas, em maio, é São Paulo que se levanta. Acontece a “bernarda” (revolta) de Francisco Inácio de Sousa Queirós, homem com grande força política no oeste da província. Pertencia às famílias governantes de Sorocaba, que eram opositoras ferrenhas dos Andradas e favoráveis ao príncipe, desde que tutelado pelas Cortes. Mais uma vez, D. Pedro viaja para enfrentar a revolta. Mais uma vez, os grandes proprietários o aguardam. A partir de São João Marcos, no Vale do Paraíba, forma-se uma Guarda de Honra em apoio ao príncipe. Os “Leais Paulistas” e os “Leais Mineiros”, como se autodenominavam estes milicianos, também marcham para o Rio de Janeiro a fim de se juntarem à defesa de D. Pedro. Mais de dois mil homens ficam a postos em Santa Cruz, no Rio, prontos para enfrentar a Divisão Portuguesa. Outros descem para São Sebastião e Mangaratiba, à espera de um possível desembarque marítimo português.
Em São João Marcos, aguardam o príncipe os irmãos do coronel Pedro Gomes Nogueira: os alferes Cassiano e Luís. O pai dos três, Hilário Gomes Nogueira, mineiro de Baependi, (primo de Manuel Jacinto Nogueira da Gama, “o Baependi”, um dos grandes articuladores da Independência) hospeda em suas fazendas D. Pedro e os leais paulistas e mineiros. E o envolvimento da família não para aí: entre os genros de Hilário destaca-se o sargento-mor Brás de Oliveira Arruda, um dos mais poderosos fazendeiros do Vale, dono de mais de 300 escravos. No inventário dos seus bens, foi declarada uma riqueza de 360 mil contos de réis, livre de dívidas, o que representa três vezes e meia o capital de abertura do Banco do Brasil, em 1808. Suas fazendas em Bananal também servem de base para os milicianos.
Um dos primeiros a se alistar na Guarda de Honra foi Joaquim José de Sousa Breves. Este homem, na época um rapaz de dezoito anos, representava os Moraes Breves, a principal família governante do Centro-Sul durante todo o século XIX. No Segundo Reinado, ele se tornaria um dos maiores proprietários de terras e escravos do Brasil. Ficaria conhecido como “O Rei do Café” e suas fazendas, como “Reino da Marambaia”.
Depois de pousar em Bananal, São Paulo, D. Pedro segue para Areias, onde se incorporam à Guarda João Ferreira de Sousa, dono da fazenda Pau D’ Alho, e seu filho Francisco. O príncipe é recebido em Lorena pelo capitão-mor Ventura José de Abreu, e em Guaratinguetá, por Manoel José de Melo, senhor do engenho Conceição, com seus mais de 33 mil hectares (ou 33 mil campos de futebol). Ventura, Manoel e Brás tinham sociedade em negócios de muares, cavalos e boiadas. Entre os anos de 1816 e 1817, os três respondiam por 70% dos animais comercializados para o Rio Janeiro.
Em março, a mineira Vila Rica decide não obedecer mais ao príncipe. Dois meses depois, D. Pedro parte para Minas decidido a acabar com a revolta. No caminho, recebe adesões de peso: em São João D’El Rey aguardam-no os regimentos da Cavalaria de Milícias das Comarcas do Rio das Mortes e do Rio das Velhas, prontos para seguir com ele. O comandante do 1º Regimento do Rio das Velhas, Pedro Gomes Nogueira, era cunhado de Paulo Barbosa da Silva. Diante da força representada pelos regimentos de Cavalaria, Vila Rica recua.
Mas, em maio, é São Paulo que se levanta. Acontece a “bernarda” (revolta) de Francisco Inácio de Sousa Queirós, homem com grande força política no oeste da província. Pertencia às famílias governantes de Sorocaba, que eram opositoras ferrenhas dos Andradas e favoráveis ao príncipe, desde que tutelado pelas Cortes. Mais uma vez, D. Pedro viaja para enfrentar a revolta. Mais uma vez, os grandes proprietários o aguardam. A partir de São João Marcos, no Vale do Paraíba, forma-se uma Guarda de Honra em apoio ao príncipe. Os “Leais Paulistas” e os “Leais Mineiros”, como se autodenominavam estes milicianos, também marcham para o Rio de Janeiro a fim de se juntarem à defesa de D. Pedro. Mais de dois mil homens ficam a postos em Santa Cruz, no Rio, prontos para enfrentar a Divisão Portuguesa. Outros descem para São Sebastião e Mangaratiba, à espera de um possível desembarque marítimo português.
Em São João Marcos, aguardam o príncipe os irmãos do coronel Pedro Gomes Nogueira: os alferes Cassiano e Luís. O pai dos três, Hilário Gomes Nogueira, mineiro de Baependi, (primo de Manuel Jacinto Nogueira da Gama, “o Baependi”, um dos grandes articuladores da Independência) hospeda em suas fazendas D. Pedro e os leais paulistas e mineiros. E o envolvimento da família não para aí: entre os genros de Hilário destaca-se o sargento-mor Brás de Oliveira Arruda, um dos mais poderosos fazendeiros do Vale, dono de mais de 300 escravos. No inventário dos seus bens, foi declarada uma riqueza de 360 mil contos de réis, livre de dívidas, o que representa três vezes e meia o capital de abertura do Banco do Brasil, em 1808. Suas fazendas em Bananal também servem de base para os milicianos.
Um dos primeiros a se alistar na Guarda de Honra foi Joaquim José de Sousa Breves. Este homem, na época um rapaz de dezoito anos, representava os Moraes Breves, a principal família governante do Centro-Sul durante todo o século XIX. No Segundo Reinado, ele se tornaria um dos maiores proprietários de terras e escravos do Brasil. Ficaria conhecido como “O Rei do Café” e suas fazendas, como “Reino da Marambaia”.
Depois de pousar em Bananal, São Paulo, D. Pedro segue para Areias, onde se incorporam à Guarda João Ferreira de Sousa, dono da fazenda Pau D’ Alho, e seu filho Francisco. O príncipe é recebido em Lorena pelo capitão-mor Ventura José de Abreu, e em Guaratinguetá, por Manoel José de Melo, senhor do engenho Conceição, com seus mais de 33 mil hectares (ou 33 mil campos de futebol). Ventura, Manoel e Brás tinham sociedade em negócios de muares, cavalos e boiadas. Entre os anos de 1816 e 1817, os três respondiam por 70% dos animais comercializados para o Rio Janeiro.
A
chegada a São Paulo se deu no dia 25 de agosto à noite e em silêncio, pois
havia ameaças de um atentado contra o príncipe. Sua presença foi fundamental
para esvaziar a bernarda de Francisco Inácio. Depois esteve em Santos, para
empossar o novo comandante de Armas. Então recebeu correspondência urgente do
mensageiro Paulo Bregaro, que gastara 12 cavalos para vir a galope do Rio: eram
cartas de Portugal (reforçando a ordem de embarque do príncipe), de José
Bonifácio e da princesa Leopoldina (ambos aconselhando-o a não cumpri-la).
Chegara o momento da Independência.
Era o famoso 7 de setembro. Décadas depois, chamado a retratar o momento, o pintor Pedro Américo viu-se diante de uma dificuldade: a Guarda de Honra era formada por milicianos sem trajes específicos. Para compor a cena histórica, decidiu uniformizá-los. Esta militarização a eternizou como uma guarda oficial, algo bem distante do que realmente foi: a Guarda era fruto do apoio dos senhores da terra à Independência, com a manutenção dos Bragança no trono brasileiro. Aqueles homens não queriam mudanças. O que explica a adesão de tantos poderosos à defesa pessoal de D. Pedro.
A partir daquela data, os fazendeiros do Sudeste assumiam as rédeas da nação.
Eduardo Schnoor é autor da tese “Na Penumbra – O Entrelace de Família e Negócios. Vale do Paraíba 1770/1840” (USP, 2005). E organizador, com Hebe Mattos de Castro, de Resgate: uma janela para o oitocentos. Rio de Janeiro: Topbooks, 1995.
Saiba Mais - Bibliografia:
FAORO, Raimundo. “Formação do patronato político brasileiro”. In Os donos do poder. vol. 1., 2ª ed., rev. e ampl. Porto Alegre: Globo/Edusp, 1975.
LENHARO, Alcir. As tropas da moderação. São Paulo: Símbolo, 1979.
MATTOS, Ilmar Rohloff de. O tempo Saquarema: a formação do Estado Imperial. 3ª ed. Rio de Janeiro: Access, 1994.
OLIVEIRA, Cecília Helena Salles de. A Independência e a construção do Império. São Paulo: Atual, 1995.
Era o famoso 7 de setembro. Décadas depois, chamado a retratar o momento, o pintor Pedro Américo viu-se diante de uma dificuldade: a Guarda de Honra era formada por milicianos sem trajes específicos. Para compor a cena histórica, decidiu uniformizá-los. Esta militarização a eternizou como uma guarda oficial, algo bem distante do que realmente foi: a Guarda era fruto do apoio dos senhores da terra à Independência, com a manutenção dos Bragança no trono brasileiro. Aqueles homens não queriam mudanças. O que explica a adesão de tantos poderosos à defesa pessoal de D. Pedro.
A partir daquela data, os fazendeiros do Sudeste assumiam as rédeas da nação.
Eduardo Schnoor é autor da tese “Na Penumbra – O Entrelace de Família e Negócios. Vale do Paraíba 1770/1840” (USP, 2005). E organizador, com Hebe Mattos de Castro, de Resgate: uma janela para o oitocentos. Rio de Janeiro: Topbooks, 1995.
Saiba Mais - Bibliografia:
FAORO, Raimundo. “Formação do patronato político brasileiro”. In Os donos do poder. vol. 1., 2ª ed., rev. e ampl. Porto Alegre: Globo/Edusp, 1975.
LENHARO, Alcir. As tropas da moderação. São Paulo: Símbolo, 1979.
MATTOS, Ilmar Rohloff de. O tempo Saquarema: a formação do Estado Imperial. 3ª ed. Rio de Janeiro: Access, 1994.
OLIVEIRA, Cecília Helena Salles de. A Independência e a construção do Império. São Paulo: Atual, 1995.
TEXTO: Mônica Yumi Jinzenjié professora da Faculdade de Educação da UFMG e autora do livro Cultura impressa e educação da mulher no século XIX (UFMG, 2010).
REVISTA DE HISTÓRIA.COM.BR
Publicação: Biblioteca
Nacional.
Filhas da
Constituição
Durante o Império, ficou claro que, para alcançar o
progresso, era preciso instruir também as mulheres
Mônica Yumi Jinzenji
1/8/2011
·
“Viva a nossa Santa Religião! Viva a
Constituição! Viva a Sua Majestade D. Pedro II! Viva a Assembleia Geral
Legislativa! e Viva o povo brasileiro!” Saudações como essas eram feitas por
mulheres numa situação curiosa: durante os discursos de abertura dos exames
públicos das escolas de primeiras letras. Dessa maneira, elas procuravam
mostrar que a escolarização das meninas também era fruto dos esforços dos
grupos políticos liberais, que se fortaleceram no período pós-independência
defendendo a monarquia constitucional.
Os brados também significam uma
conquista: finalmente as mulheres tinham um espaço nas escolas públicas do
Império, como mestras e como alunas. Este avanço estava associado a uma
política de Estado. Com o grito de Independência, o Império brasileiro se viu
às voltas com um desafio: tirar a maioria da população da “ignorância” na qual
estava mergulhada, colocando o país no mesmo nível das nações ditas
civilizadas. A instrução da população foi vista como o meio para fazer do
Brasil uma nação moderna, e a escolarização das meninas não poderia ser
negligenciada. A legislação promulgada no dia 15 de outubro de 1827 determinava
que as moças teriam estabelecimentos de ensino exclusivamente para elas,
criados somente em cidades e vilas mais populosas, e providos por professoras.
As alunas teriam um curso que se
concentraria em tópicos elementares: leitura, escrita, as quatro operações
aritméticas, gramática, princípios de moral cristã e prendas domésticas, como
bordados e demais trabalhos com agulha, estes últimos exclusivos na formação de
meninas. Para os meninos se previa um conteúdo mais extenso, envolvendo o
estudo dos decimais e proporções e as noções de geometria prática. Além de
estabelecer o conteúdo a ser ensinado e os ordenados dos professores, a nova
escola pública adotaria o método mútuo, desenvolvido na Inglaterra, que tinha
como principal característica o ensino para centenas de alunos ao mesmo tempo.
Os alunos eram agrupados por nível de conhecimento, e os monitores – alunos
mais adiantados de cada grupo – ficavam responsáveis por repassar as lições
para cada grupo.
Mas os primeiros estabelecimentos
desse tipo voltados para as meninas só surgiram em 1828, na província de Minas
Gerais, na capital, Ouro Preto, e nas vilas e cidades com maior concentração
populacional no período: Mariana, Sabará, Tamanduá, Serro, Barbacena, São João
del-Rei, Baependi,
Campanha e Pitangui. Antes disso, as famílias mais abastadas da região
contratavam professoras ou tutoras para suas filhas ou as matriculavam em escolas
particulares, nas quais as professoras ensinavam os conteúdos elementares, e
comumente ministravam aulas de francês, dança, piano e culinária.
A disparidade no número de escolas
para meninos e para meninas era perceptível desde a criação das escolas públicas.
Das 54 novas escolas criadas em Minas em 1828, apenas dez (18%) eram destinadas
ao contingente feminino. Essa tendência continuou ao longo de todo o século
XIX. Nas primeiras décadas, cerca de 8% do público escolar era composto de
meninas, ao passo que no final do período imperial (1889) esse número subiu
para 35%. Ainda assim, havia resistência das famílias. Para muitas delas, a
saída das filhas de casa representava riscos de corrupção moral; para outras,
as jovens eram indispensáveis nos serviços domésticos e em outras atividades
que auxiliassem na manutenção familiar.
A criação de multas para as famílias
cujos filhos em idade escolar não frequentassem estabelecimentos de ensino –
definida em Minas Gerais pela Lei nº 13 de 1835 – é uma prova de que a escola
enfrentou sérios percalços para ter sua importância reconhecida na sociedade.
Se o número de meninos matriculados era irrisório e insatisfatório, a situação
das meninas era ainda pior. O presidente da província de Minas Gerais, Bernardo
Jacintho da Veiga (1804-1845), chegou a dizer, em 1840, que a educação das
moças estava circunscrita aos “limites de uma educação doméstica, quase sempre
acanhada, e bem ou mal dirigida segundo o caráter, hábitos e modo de pensar de
cada um Pai de família”.
A legislação educacional procurava
ordenar a atividade de professores e professoras desde o seu ingresso na
carreira até as práticas profissionais cotidianas. Aquelas que queriam se
tornar mestras tinham que se submeter a um exame que era avaliado por uma comissão
formada por autoridades políticas locais. Além disso, mestres e mestras tinham
que enviar ao presidente de província, trimestralmente, o livro de matrículas
contendo o número de alunas, sua frequência e o nível de adiantamento em que
elas se encontravam.
Esse controle era essencial num
período em que os professores recebiam um salário proporcional ao número de
alunos para os quais lecionavam. Além de relatar quantos estudantes
frequentavam suas aulas, os professores tinham que realizar exames públicos
semestrais, nos quais cada aluno era arguido sobre os conteúdos estudados
diante de uma plateia composta de autoridades políticas e de populares.
Anunciadas com antecedência, essas provas contavam com a presença do juiz de
paz, e a imprensa local era responsável pela divulgação das datas e dos
resultados dos exames.
O jornal O Mentor das Brasileiras (1829-1832), de São João del-Rei (MG), costumava
noticiar assuntos relacionados às escolas de meninas e informar os dias das
provas. Esses anúncios eram acompanhados de apelos para que os pais garantissem
a presença das filhas, já que as ausências eram frequentes e consideráveis,
chegando a cerca de 50%. Na vila de São João del-Rei, em 1829, das 43 alunas
matriculadas, 34 compareceram ao exame; em 1832, das 71 matriculadas, somente
30 compareceram ao exame. De acordo com as professoras, o excesso de chuvas era
um dos motivos que mais impossibilitavam o deslocamento das alunas até o local
dos exames. Mas muitas das mais humildes também se ausentavam pelo
constrangimento de não poderem se vestir com o mesmo luxo das mais abastadas.
Havia também os casos de descompasso entre o aprendizado esperado e o efetivo
de algumas estudantes, o que era facilmente notado diante de uma plateia.
Além desses argumentos, as
professoras justificavam a baixa frequência aos exames e o baixo rendimento de
algumas alunas alegando uma timidez proveniente do “despotismo” do qual foram
vítimas. Era comum as docentes – nas páginas do referido jornal mineiro –
atribuírem esse atraso ao antigo regime. Por outro lado, elas reverenciavam a
Constituição de 1824 e a política liberal, que seriam responsáveis pelo
investimento na instrução da população e, principalmente, das mulheres.
As provas eram momentos de grande
satisfação, em especial para as alunas mais adiantadas, que atuavam como
monitoras na rotina das escolas, recebiam orientações das mestras e coordenavam
as atividades de um grupo de colegas previamente designado. Durante os exames
públicos, elas usavam uma fita verde no ombro, onde se liam, em letras
douradas, a sua função e a classe sob sua responsabilidade. Geralmente, elas
dominavam todos os conteúdos, havendo casos de monitoras que, aos dez anos de
idade, chegavam a substituir as professoras.
Seus nomes apareciam frequentemente com destaque em O Mentordas
Brasileiras por causa do bom desempenho nos
exames. Como o de D. Anna Cândida de Jesuz Alves S. Thiago e outras quatro
alunas, moradoras da vila de São João del-Rei. Tendo sido aprovada nas
doutrinas marcadas nos artigos 6 e 12 da Lei de 15 de Outubro de 1827, concluiu
a instrução elementar em 23 de junho de 1830, com 13 anos. Mas a idade com que
as alunas finalizavam as primeiras letras variava muito, assim como a faixa
etária de seu ingresso na escola. A convivência entre crianças de idades
diferentes era a característica dessas instituições de ensino, que as agrupavam
por nível de adiantamento.
Para as alunas que se destacavam, a
docência era uma das possíveis carreiras a seguir. São muitos os casos de
meninas que deram continuidade ao bom desempenho escolar trabalhando como
professoras em novas escolas de primeiras letras, depois de serem aprovadas em
exame público e de apresentarem um atestado de boa conduta. É o caso de Maria
Ricardina de Oliveira Novaes, que aos 16 anos, dois anos depois de concluir o
curso de primeiras letras, foi aprovada, em 15 de março de 1832, para reger a
escola de meninas da cidade de Campanha (MG).
Resultados como esse eram motivo de
júbilo para as professoras que atuavam nos mais diversos corpos docentes
durante o Segundo Reinado. A escola pública de primeiras letras seria, então, o
espaço no qual, desde cedo, as meninas, utilizando a carta constitucional como
primeiro material de leitura, seriam formadas dentro dos ideais liberais. E
ainda podiam perpetuá-los em suas famílias e, eventualmente, como mestras.
Mônica Yumi Jinzenjié professora da Faculdade de Educação da UFMG e
autora do livro Cultura
impressa e educação da mulher no século XIX (UFMG, 2010).
Saiba Mais - Bibliografia
FARIA FILHO, Luciano M. de. (org.) A infância e sua educação;
Materiais, práticas e representações (Portugal e Brasil). Belo Horizonte: Autêntica, 2004.
LOPES, Eliane M. T.; FARIA FILHO, Luciano M. de;
VEIGA, Cynthia G. (orgs.) 500
anos de educação no Brasil. Belo
Horizonte: Autêntica, 2000.
MORLEY, Helena. Minha vida de menina. São Paulo: Companhia das Letras, 1999.
MUNIZ, Diva do C.G. Um toque de gênero: história
e educação em Minas Gerais (1835-1892).
Brasília: Editora Universidade de Brasília; Finatec, 2003.
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